terça-feira, 8 de setembro de 2009

A pseudo-guerra pela audiência

Quem tem a razão ?

Acompanhamos recentemente a "guerra" entre as emissoras Globo e Record, utilizando-se de seu "horário nobre" para ataques mútuos, acusações graves, denúncias, reportagens, depoimentos e todos artifícios possíveis e (in)imagináveis.

De um lado um passado obscuro, de outro um certo "fanatismo" exacerbado.

A Rede Record cresceu muito nos últimos anos e isto é inegável.
A emissora alterou sua grade de programação incorporando à ela "clones" de sua principal concorrente, chegando inclusive ao ponto de produzir telenovelas de conteúdo tão ou mais baixo que aquele que sempre condenou.
O assédio à artistas de outras emissoras chegou à ser matéria dos principais veículos de comunicação a pouco tempo e, a torneira aberta do dinheiro de seus fiéis fez com que vários artistas de segundo escalão da emissora líder, assim como muitos de seus jornalistas, optassem pela emissora paulista.
Aliás, até mesmo esta imagem a emissora está tentando mudar.
A opção da emissora de montar seu estúdio no Rio de Janeiro não foi à toa. Apesar de a cidade de São Paulo ser o coração financeiro do país, o Rio é a cidade mais lembrada pelos estrangeiros quando se fala em Brasil.
A recente exibição do "reality show" "A Fazenda" alavancou em muito a audiência da emissora, porém as suspeitas sobre manipulação de resultados e a falta de um programa para preencher o horário, fez com que a emissora amargasse sensível queda na audiência.
Parte desta alta na audiência deve-se principalmente ao fato de a emissora ter reduzido o espaço dedicado aos programas da igreja que a sustenta.
A Record tenta, de certa forma, desvincular-se da imagem da IURD, para assim cooptar colaboradores, patrocinadores e, principalmente, espectadores.
No entanto esta presença pode ser facilmente notada em vários de seus programas e em vários incidentes noticiados pela mídia.
Desde o triste episódio do chute na imagem da santa, a Record vem tentando reconstruir a sua imagem e cativar um público maior para suas atrações.
Por outro lado sabemos que o Ibope não é algo tão confiável assim. O Instituto já chegou à registrar audiência para canais que estavam "fora do ar" e nas eleições chegou à errar o resultado em 23 estados. Seu diretor é ligado à um certo clube de futebol e, "muy amigo" de alguns políticos cariocas.
Com relação às doações dos fiéis, acho que as imagens falam por si. Não foram poucas as denúncias da Folha de São Paulo, Veja e Ministério Público, no entanto a única coisa que toda esta exposição causou foi o aumento do número de fiéis da suposta igreja.
O fenômeno da expansão das igrejas evangélicas de fachada não é privilégio da IURD. A Igreja Internacional da Graça de Deus, controlada pelo cunhado de Edir Macedo, o 'Bispo' RR Soares também usa do mesmo expediente para abusar da boa-fé das pessoas que assistem à seus cultos e, o tal bispo chegou à ser citado em algumas reportagens como o homem que mais aparece na mídia televisiva, chegando a cem horas semanais.
Isto provocou reações não apenas do Ministério Público e da Igreja Católica, mas até mesmo da associação que congrega as diversas igrejas evangélicas no país.
Algumas igrejas mais sérias desaprovam a forma como são conduzidos os cultos nas igrejas neo-pentecostais e, principalmente, a forma leviana como as pessoas são induzidas à pagar o dízimo e efetuar outras contribuições.
Não são poucos os casos relatados de pessoas que foram induzidas a vender o que possuiam para doar às igrejas.
Enquanto isto, outras igrejas especializam-se em arrebanhar um público diferenciado, como é o caso dos "Atletas de Cristo", ou da Igreja Renascer em Cristo, que reúnem esportistas e pessoas comuns de maior poder aquisitivo.
Várias destas igrejas já estiveram sob suspeita em suas operações, mas escondem-se sob o véu da proteção constitucional ao credo e, às inúmeras brechas presentes na lei.

Já a Rede Globo a muito deixou de ser o que era.
O tal "Padrão Globo de Qualidade" deu lugar ao "Salve-se-quem-puder" da briga pela audiência.
A verdade é que a Rede Globo se acomodou. Após muitos anos sendo líder de audiência, sem concorrência à altura, a emissora baixou a guarda e desprezou o movimento articulado pelas suas principais concorrentes.
O SBT nunca foi páreo para a Globo, em seu confortável segundo lugar de audiência até bem pouco tempo, nunca teve uma programação de qualidade e, ainda hoje, sustenta-se apenas na figura do "Patrão" e nas inúmeras reprises do Chaves.
O principal problema do SBT atende pelo pseudônimo "Silvio Santos", bom apresentador e péssimo empresário. Enquanto Silvio Santos estiver vivo o SBT será carta fora do baralho (o que não deve demorar muito, já que o apresentador completará 79 anos em dezembro próximo).
A Record é a concorrente mais perigosa. Tem na Igreja Universal seu principal "patrocinador" e usa dos mais diversos artifícios para garimpar audiência. No entanto é justamente este vínculo com a IURD que a enfraquece.
As demais emissoras abertas juntas não representam 10% do "sharing" da audiência e, raras são as vezes em que um ou outro programa assusta. Normalmente quando isto acontece a Globo contrata a atração e a coloca na "geladeira". Simples assim.

Quem sai perdendo com tudo isto é a audiência.
As experiências da Rede Globo em formatar novos programas é quase sempre desastrosa. Os piores exemplos são seus programas de humor e aqueles dirigidos ao público jovem.
Em termos de atração dominical vespertina o nível é o mais baixo possível. Seja Fausto Silva, Gugu Liberato ou Eliana dificilmente a atração acrescenta algo de novo.
Gugu Liberato é o pior de todos. Suas atrações são sempre apelativas e forçadas, sem contar a grande mancha causada a sua imagem pelo "episódio do PCC".
Fausto Silva já a alguns anos vem demonstrando sinais de cansaço e, chegou à declarar em entrevista que vinte anos seria o tempo máximo que gostaria de permanecer com a atração. Detalhe: Este ano seu programa completa vinte anos.
Eliana tem um programa "legalzinho" mas pedante. As mesmas atrações, o jeito morno de se comunicar e as sub-celebridades convidadas não dão crédito à loirinha, contratada a peso de ouro pelo SBT.

No jornalismo o investimento da Rede Record parece ter sido o maior e mais bem aproveitado. A reformulação de seu jornalismo, a contratação de vários profissionais da Rede Globo e a inclusão de uma revista eletrônica nos moldes do Fantástico são trunfos da emissora.
A criação de um canal aberto de jornalismo 24 horas e os investimentos para aquisição do direito de transmissão das Olimpíadas também são um diferencial à favor da emissora.
Porém, ainda falta credibilidade ao jornalismo da emissora, que invariavelmente é barrado nas limitações dos bispos da IURD.
Neste quesito a emissora carioca ainda parece imbatível.
Apesar da parcialidade de sua principal atração (o Jornal Nacional), a mão pesada de Carlos Schroeder e a clara tendência à favorecer quem quer que esteja no poder, a emissora ainda possui os melhores informativos e a melhor cobertura jornalística de uma tv aberta.
O jornalismo do SBT é uma piada. Não bastasse as inúmeras alterações na grade, feitas ao bel-prazer do Sr Senor Abravanel, seus âncoras tem o carisma de uma lesma e, quase sempre, os comentários do Sr Carlos Nascimento são inoportunos e pretensamente irônicos.

Junte-se à tudo isto a baixa qualidade da audiência, que pouco entende do que vê, não tem senso crítico e não saber formar opinião e, pronto! Está feita a fórmula da baixíssima qualidade da programação nacional.
Não fosse assim "Casseta e Planeta", "Zorra Total", "Pânico na TV" e "Planeta Xuxa" já estariam a muito fora do ar.

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